Nas primeiras décadas do século XX, a várzea
do São Geraldo se inundava na época das chuvas, e a rapaziada pouso-alegrense aproveitava
para nadar nas águas do rio Mandu. A antiga ponte, que hoje não existe mais,
pois sobre ela está a rotatória da Perimetral que separa o Centro do Bairro São
Geraldo, servia de trampolim para os jovens mergulharem.
Havia também outro local onde se costumava
nadar: o Lava-cavalo. Esse trecho do rio Mandu, que ficava aos fundos do
quartel, era assim chamado pela população da cidade por ser o lugar onde os
cavalos do 8º R.A.M., hoje 14º G.A.C., eram levados para “tomar banho”. Assim
Gouvêa nos descreve o Lava-cavalo: “O rio serpenteava pela várzea e descrevia,
naquele trecho, uma longa curva, depositando areia branca em uma das margens e
tornando o local bastante convidativo. Havia também muitos barrancos,
facilitando, assim, a prática dos mergulhos. (...) Era, por assim dizer, uma
praça de esportes improvisada, pela qual os próprios freqüentadores zelavam,
arrancando o mato das margens do rio, limpando-o ou introduzindo melhoramentos,
como o trampolim todo de madeira de quase três (3) metros de altura.”
Segundo Alexandre de Araújo, o local foi
bastante procurado pela “molecada” pouso-alegrense entre as décadas de 1930 e
1950. Além disso, Araújo nos descreve uma das brincadeiras que eles costumavam
fazer: “A tabatinga (argila sedimentar, mole, untuosa) e de cores
vermelha-amarela e preta, dos barrancos ensejavam os mais habilidosos, formar
bonecos, cavalos, carroças, casas, etc. O mais divertido eram as costumeiras
‘guerras’ de bolotas de tabatinga, lambuzando todo o corpo.”
Alexandre de Araújo nos conta, ainda, com
saudade e lirismo, como era nadar no Lava-cavalo: “No verão, às 5 da matina até
o entardecer, era uma enormidade de aficionados da natação. Águas límpidas; nas
margens, a exuberância e os frescor do vergel multicolorido. Como era divertido
segurar no rabo dos cavalos dentro d’água, um deslizar suave até onde desse pé
para o cavalo. Era correr e pular de qualquer barranco, ao afago vivificante
das águas cristalinas do nosso saudosíssimo ‘Lava-cavalo’.”
Na década de 1980, com a abertura da
Perimetral, um grande trecho do rio Mandu foi soterrado para ceder lugar à nova
avenida, inclusive o local onde ficava o Lava-cavalo. Com isso, ele tornou-se
apenas uma lembrança na memória dos que, quando jovens, passavam o tempo
nadando nas águas do rio Mandu.
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