Parte Histórica- Pouso Alegre (p. 77-78)
Ao longe, na orla do horisonte extenso, os picos altivos
das serras distantes, semelhantes a esphinges colossaes, fitam a rainha do
Mandú, que sobranceira os contempla. Orgulhosa do seu sollo primoroso!
Quer a vista se alongue pela vastidão do horizonte, ou
baixe a mergulhar-se na profundeza dos valles, o quadro é sempre animado e
surprehendente.
Por qualquer lado que seja observada, a cidade se ostenta
sempre radiante da sua formosura.
Quando por occasião das enchentes, o Mandú e o
Sapucahymirim, confundindo as suas aguas, alagam o extenso vargedo que os
separa, a cidade parce mirar-se no espelho crystallino das aguas, vaidosa dos
seus dotes naturaes!...
Sinuoso e manso desce o Mandú, e vai confundir as suas
aguas com as do Sapucahymirim, que o recebe a dois kilometros da cidade, donde
se avista grande extensão das suas fertilíssimas margens.
O Sapucahy grande, que passa a seis kilometros da cidade,
recebe por sua vez o Sapucahymirim, um dos seus principaes affluentes.
Estes rios, cujas aguas já outr’ora foram sulcadas por
barcas de capacidade de mil arrobas, estabelecendo communicação entre os
municipios de Pouso Alegre, Itajubá, Alfenas e Campanha, viram desapparecer a
navegação depois da invasão das estradas de ferro; a maior utilidade que póde
ter um rio, sob o ponto de vista economico, cahiu em completo abandono:
succedeu á celeuma alegre dos barqueiros
conduzindo as pesadas barcas, o canto monotono do solitario pescador, vagando
na sua tosca piroga!
A doze kilometros corre o Cervo,
cujo valle tornou-se famoso pela sua extraordinária uberdade, compensando com
vantagem a lida afanosa da lavoura.
Além de serem margeadas por terrenos de prodigiosa
uberdade, têm estes rios a vantagem de serem muito piscosos:- é extraordinária
a quantidade de peixe que se vende na cidade por occasião dasd enchentes; os
peixes sahindo do leito do rio invadem as margens alagadas, onde são facilmente
apanhados.
A tantos benefícios que recebeu da natureza deve Pouso
Alegre a sua prosperidade, que parece tornar-se cada vez mais lisongeira.
Activo e trabalhador,
e auxiliado pela riqueza do sólo, João da Silva
É crença tradiccional que quem primeiro habitou as margens do Mandú fui um aventureiro de nome de João da Silva que, attrahido pela excelente qualidade das terras, aqui formou as suas roças, que produziram abundantes colheitas. cercou-se de abundancia e prosperidade.
Pouso Alegre 1855- Tela de autoria de José Fernandes de Souza Filho Pertencente ao Acervo do MHMTT |
Fonte: OLIVEIRA,
A. M. Almanack do Município de Pouso Alegre. Rio de Janeiro: Casa
Mont’Alverne, 1900.
*Escrito como no original.
*Escrito como no original.
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