Si há realmente uma instituição de que Pouso Alegre possa e deva ufanar-se, essa é, por sem dúvida, o Hospital Regional “Samuel Libanio”.
Instituição de alta benemerência social e necessária assistência hospitalar
destinada ao tratamento e amparo dos doentes pobres, remediados e ricos, o
Hospital meréce de todos nós, e da nossa pobreza, em particular, a mais viva gratidão
e os mais rasgados encômios, tais e tantos são os benefícios dele decorrentes.
Nada de esquecer também que os preciosos e inestimáveis recursos
dispensados por esse manancial inesgotável de benefícios, não chegam somente
até aonde o azul das nossas montanhas impõe fronteiras às cidades circumvizinhas.
Mas, ao contrário, tem mais ampla projeção, vão muito além, estendendo-se a
esta vasta e populosa região sul mineira, a qualquer parte onde um indigente
deles necessite.
Nascido, há já quase dois decênios, sob a direção competente e honrada
do dr. Custódio Ribeiro de Miranda, esse médico competente e bom, clínico
abalisado, cirurgião hábil e seguro, profissional honesto, administrador ativo
e enérgico, que tudo tem feito a bem do magnífico estabelecimento que tão acertadamente
vem dirigindo, o Hospital tem crescido sempre, e, sem dúvida, continuará a
crescer, para a felicidade nossa e dos que descambaram na penúria, sem se
desviar nunca da rota traçada, mantendo-se sempre a altura das nobres e humanitárias
finalidades a que se destinou. Pois, na verdade, só quem desconhecer no dr.
Miranda as suas justas dimensões de espírito e a profundeza da sua cultura,
poderá impor-lhe restrições ás qualidades brilhantes e negar justo louvor e admiração
á casa que tão proficienmente dirige.
E foi, mercê da sua irradiante simpatia, trato amigo, afável e
cavalheiresco, ilibada conduta moral, extrema bondade e inegável competência
profissional, que o dr. Miranda logrou reunir em torno a si e chamar para o
seio daquele notável estabelecimento hospitalar, um plêiade brilhante de
médicos ilustres-, todos eles clínicos de conhecido e reconhecido valor,
profissionais idôneos, que trabalham assídua e desinteressadamente com a melhor
das dedicações, zelo e carinho, prestando uma grande parcelo de benéficos
serviços aos numerosos doentes das enfermarias. Eles tem dado aos seus doentes
o seu prestante e continuado labôr e concorrido grandemente para que o Hospital
se mantivesse sempre á altura dos seus legítimos fins.
Também não haveria grave injustiça em lembrar, aqui, a não menos
eficiente e valiosa contribuição das irmãs, farmacêuticos e dentistas, dos
auxiliares, enfermeiros e serventes, que bem sabem que a utilidade nunca se
esqueceu de nobilitar os que se servem.
Estes heróis obscuros e anônimos, nunca aparecem, nada pedem, nada impõem,
não conhecem o louvor, e são como a pedra angular, que na profundidade
ignorada, costuma sustentar a grandeza dos soberbos edifícios.
Já nãos mais constitue estranheza dizer que o Hospital Regional, que
tanto beneficia a nossa cidade, é também um dos bem mais organizados do Estado.
Ele é, presentemente, uma das maiores instituições que a cidade conta no seio,
digna, porisso, do nosso melhor apreço e dos nossos mais entusiasmados
louvores.
Ainda agora ele acaba de receber grande cópia de material- farmácia, laboratório
e cirurgia, destinados aos serviços da casa, vendo-se, dest’arte, grandemente
ampliado na sua capacidade podendo dispensar melhor e mais conveniente
tratamento aos inúmeros doentes alli internados.
Para dar uma ligeira idéa dos enormes e reais benefícios que o Hospital
tem dispensado á população, do profundo e continuado labôr dos que lá mourejam
diariamente, alinharemos abaixo algumas cifras referentes a uma pequena parte
dos trabalhos ali executados, durante o ano de 1937.
Ano de 1937
Doentes que compareceram ao ambulatório----------------------------------------------------28.555
Receitas aviadas na farmácia------------------------------------------------------------------------7.884
Doentes Hospitalizados-------------------------------------------------------------------------------1.426
Compareceram a secção dentaria-----------------------------------------------------------------2.358
Exames de laboratório--------------------------------------------------------------------------------1.542
Operações-----------------------------------------------------------------------------------------------375
Radiografias--------------------------------------------------------------------------------------------370
Verifica-se pelo exposto, que o Hospital presta realmente a população enorme
soma de reais benefícios.
Contudo, é preciso que se diga, que o Hospital se ressente enormemente
da falta de um pavilhão de isolamento e dum pavilhão para tuberculosos,
destinados a isolar os doentes que, vitimas por moléstias contagiosas, não possam
ser tratados convenientemente nas enfermarias. Nem se pode conceber mesmo, que
um hospital de tamanha capacidade e não menor eficiência, não possua o seu imprescindível
pavilhão de isolamento, pelo menos. A construção de tal pavilhão para o
Hospital, constitue hoje uma necessidade inadiável.
Verdade seja também que a estreiteza da verba a que o Hospital tem de se
amoldar e o pouco pessoal que dispõe, no momento, constituem, sem duvida, sério
entrave ás suas funções. Afastados os ôbices, que acabamos de apontar, o
Hospital estaria em ótimas condições de dispensar melhor tratamento a seus
doentes e proporcionar à coletividade maior soma de benefícios.
Errados andaríamos si, ao finalizar estas linhas, dexassemos de dirigir
um apelo ao Dr. Benedito Ribeiro Valadares, em favor da nossa melhor instituição
hospitalar.
Estamos certos de que o governador Valadares, esse grande estadista que
se impôs á admiração a nossa gente, como uma das colunas mestras na reconstrução
do Estado Novo, e a cuja larga e clara visão jamais escapou qualquer problema
que dissesse respeito ao bem estar coletivo, não nos faltará com o seu sopro
vivificante, voltando as suas vistas para a nossa mais notável e útil instituição,
pois, o desenvolvimento e melhoria dela, depende direta e exclusivamente, de
quem tão bem soube conquistar a simpatia e a consciência do povo mineiro.
Extraído
do jornal “O Município” 01/09/1938, p. 04
*Escrito
como no original
Hospital Regional Samuel Libanio- 1930 Acervo do MHMTT |
Ambulatorio do Hospital Regional- Década de 30 |
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